quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Rio de Janeiro, 17 Novembro de 2008.


Exmos Srs. (Sras) da Conferência das Comissões de Reparação e Verdade da America Latina.

Eu, Luiz Azevedo da Cruz, sou filho do casal João Trindade da Cruz, que é pseudônimo e na verdade o nome dele é João Rodrigues de Souza, solteiro, e minha mãe Maria de Azevedo Moreira viúva, todos dois comunistas.
Ambos constam com processo em Brasília, com o número 20070156525. Tudo registrado no Arquivo Público. Também consta no arquivo público que meu pai esteve em outros estados, na polícia federal e na própria marinha esteve preso, (ele foi fuzileiro naval). Estou levando a certidão original do meu pai para esta Conferência. Não mandei para Brasília porque fiquei com medo de extraviarem. Descobri essa certidão há pouco mais de um ano, na casa que eles dois moravam, estava escondida, junto com outros documentos dos meus tios. Os documentos de João Trindade da Cruz eu queimei para ele não ser pego, inclusive a carteia dele de sindicalista dos marceneiros.
Eles têm processos Anistiando. Eu, sendo filho tenho muitas Histórias a serem passadas a limpo, que já foram explicadas no processo de ambos e não obtive uma explicação lógica do Ministério de Justiça de Anistia, porque eu não sei, vou começar a contar o meu dilema.
Tudo começou quando eu nasci. Meu pai, militante comunista e sindicalista dos marceneiros da década de 50.
Ele, com os companheiros dele, faziam comício no dia 1 de maio de 1952, teve um confronto no palanque. Meu pai os companheiros foram levados para um lugar ermo chamado Oswaldo Cruz, na Avenida Brasil, em Bonsucesso.
Lá foram praticados todos os tipos de barbaridade com eles, e meu pai levou várias facadas e um chute na região escrotal para saberem se eles estavam mortos: Confirmação que estavam mortos: levavam um chute naquele lugar, se mexesse davam um tiro de misericórdia.
Meu pai, sendo uma raposa velha fingiu de morto, e foi se arrastando até a Avenida Brasil. Teve uma alma caridosa que vinha passando pelo local e os resgataram e levaram para o hospital Getúlio Vargas, lá ele foi operado as pressas, foi todo costurado. sendo que o medico falou que não podia tirar a bala do pulmão se não ele morria.
O partido do PCB tirou-o do hospital às pressas para não morrer como queima de arquivo. Infelizmente os companheiros deles de palanque de som não resistiram e vieram a falecer.
Meu pai, sendo uma pessoa que já lutava pelos ideais da Nação, foi na mídia botou a boca no trombone, aí a vida dele e dos familiares virou um inferno, sempre cassando todos para matar.
Faço um pergunta: eu, Luiz Azevedo da Cruz, não tendo nada a ver com esta zona sou, ou não sou comunista? Eu era uma criança que vivia fugindo e vivia com o nome falso para não descobrirem eles. Porque eu tinha que passar por isso? Estudei em várias escolas e morei em várias residências, psicologicamente isto não é bom.
Minha família não suportava uma criança porque era filho de comunistas, eu sem saber de nada Tenho direito a reparação de anistia ou não? Porque, se vivo até o dia de hoje sem o meu nome verdadeiro? Eu não quero morrer como meu pai, com o nome falso de batismo, isso foi pouco caso lá do Ministério da Justiça de Anistia de Brasília.
E também casei, criei outra família e continuamos com os nomes falsos esposa e dois filhos.
Declaro como verdadeiro este meu testemunho, pedindo ajuda jurídica, agradecendo desde já e subscrevendo-me:

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